sexta-feira, setembro 28

A vida

Hoje no Correio da Manhã lia-se esta notícia: 


‎"Menino morre a ajudar a mãe.

David, de 14 anos, só pensou em ajudar a mãe, após o carro em que seguiam, e no qual estava também o irmão de 8 anos, chocar violentamente contra um autocarro ontem às 08h00 na saída da Póvoa da Galega, em Mafra. A condutora, Carla Barbosa, ainda foi agarrada pelo filho, mas o estado do menor piorou em minutos e este, devido a lesões internas, morreu no local. Os bombeiros ainda o tentaram reanimar no local.
O violento acidente deixou em estado muito grave também a mãe e o irmão da vítima mortal, Bruno. Estão ambos em coma e ao fecho desta edição lutavam pela vida nos Hospitais de Santa Maria e São José, em Lisboa.
O acidente ocorreu ao início da manhã, pouco depois de Carla, de 43 anos, funcionária na Câmara de Loures, ter saído da sua casa. Pretendia deixar os dois filhos na escola antes de entrar no trabalho, mas logo na saída da Póvoa da Galega, em Mafra, onde a família residia, o carro em que seguiam despistou--se, derrapou no piso que estava molhado e bateu contra um autocarro da empresa Isidoro Duarte, onde seguia o motorista e três passageiros que escaparam ilesos.
A GNR esteve no local está a investigar o acidente."



Infelizmente esta foi a noticia presente ontem em todas as conversas no meu local de trabalho. Sou funcionária da Câmara e a mãe do David é minha colega, ainda que não a conheça pessoalmente. Segundo se sabe a mãe e o mano mais novo do David continuam a lutar pela vida, embora o prognóstico seja muito reservado. 

Infelizmente esta não é uma história. É a realidade de todos nós que saímos de casa de manhã, normalmente em cima da hora ou atrasadas, que deixamos os nossos filhos na escola, e que vamos trabalhar, repetindo o mesmo gesto dia após dia. Felizmente temos tido não sei se a sorte, se o destino, se outra coisa com um outro nome qualquer, e a nossa vida corre diariamente como esperado.

Ontem emocionei-me com a história do David, da Carla, do Bruno. Ontem pensei mais que nunca como teria sido aquele acordar, como tinha sido o último jantar, a última conversa. Ontem acelerei para o infantário do meu filho para o abraçar e beijar e olhei depois para o meu marido com todo o amor que sinto por ele, e baixinho pedi ao destino, à sorte, a Deus, e a tudo o que comanda a vida para além dos nossos sonhos, que nunca me impeça de dizer amo-te!

A vida é uma passagem, por vezes dolorosa, e tudo o que pensamos possuir é nada no instante em que o destino nos confronta com uma história diferente daquela que idealizamos e projetamos como sendo a natural. 

É muito triste. 

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