O que são?
As Crises de Voracidade Alimentar sem purga, é a tradução mais adequada do inglês Binge Eating.
Este distúrbio do comportamento alimentar é caracterizado pela ingestão descontrolada de comida e consequente aumento de peso.
Ao contrário do que é mais comum na Bulimia Nervosa, as Crises de Voracidade Alimentar também afectam os homens.
O problema pode, por exemplo, ter início na infância, quando são formados os hábitos alimentares. O indivíduo afectado vê nos alimentos a forma de ultrapassar o stress, os conflitos emocionais e os problemas quotidianos.
O excesso de peso serve de escudo, especialmente quando se tratam de vítimas de abuso sexual. É uma forma de se tornarem menos atraentes e manterem os outros à distância.
Quanto mais peso ganha, mais o indivíduo se esforça por fazer dieta. E é a dieta que leva, habitualmente, à seguinte ingestão excessiva de alimentos, precedida de sentimentos de culpa e fracasso. Um ciclo que continua indefinidamente, se não forem tratadas as causas emocionais.
De um modo geral, o doente sente-se fora de controlo, mas tem consciência que os seus hábitos alimentares não são normais. Tal como na Bulimia Nervosa, tem maior facilidade em reconhecer o seu problema do que os doentes de Anorexia Nervosa.
As Crises de Voracidade Alimentar ainda não são levadas suficientemente a sério. Os doentes acabam muitas vezes por ser direccionados para clínicas de emagrecimento e centros de beleza, em vez de receber tratamento para as causas psicológicas.
Tal como a Anorexia e a Bulímia Nervosas, as Crises de Voracidade Alimentar são um problema grave.
Quando não sujeitas a acompanhamento médico, nutricional e psicológico, podem trazer nefastas consequências para a saúde.
Sintomas:
FÍSICOS:
Aumento rápido de peso;
Flutuações constantes do peso.
PSICOLÓGICOS:
Depressão;
Ansiedade;
Medo de não conseguir parar de comer voluntariamente;
Vivem sob stress e estão normalmente infelizes;
Sentimento de Incapacidade em parar de comer;
Atribuição dos fracassos sociais e profissionais ao peso;
Culpa e vergonha pelos hábitos alimentares.
COMPORTAMENTAIS:
Comer às escondidas;
Comer muito e muito rapidamente, ainda que sem apetite;
Comer até "não poder mais";
Ingerir uma quantidade anormal de alimentos num curto espaço de tempo;
Ingerir sobretudo alimentos com alto valor calórico;
Evitam encontros sociais, em especial aqueles que envolvam refeições.
Diagnóstico:
Servem de critérios de diagnóstico de Crises de voracidade alimentar ou Binge Eating a:
Ingestão de uma grande quantidade de comida num curto espaço de tempo.
Muito mais do que aquilo que normalmente as pessoas poderiam comer durante esse mesmo período e sob as mesmas circunstancias;
Incapacidade em controlar aquilo que come, e respectivas quantidades, nesse espaço de tempo.
As crises de voracidade alimentar estão, normalmente, associadas a pelo menos três dos seguintes factores:
Comer mais rapidamente do que aquilo que seria normal;
Comer até ficar completamente cheio;
Comer grandes quantidades de alimentos, mesmo que não tenha apetite;
Comer sozinho por ficar embaraçado em ingerir excessivas quantidades de alimentos;
Ficar desgostoso depois de comer, depressivo e "com preso na consciência" por ter comido tanto;
As crises de voracidade alimentar ocorrem pelo menos duas vezes por semana, durante 6 meses;
Quem sofre de crises de voracidade alimentar, normalmente, não utiliza meios inapropriados para as compensar (vomitar, praticar exercício em excesso).
Riscos:
Apesar de não ser tão grave como Bulímia Nervosa e a Anorexia Nervosa, quem sofra de Voracidade Alimentar poderá vir a sofrer de graves problemas físicos e não só.
Aqui está a lista dos riscos associados à doença:
Obesidade;
Diabetes;
Pressão arterial elevada;
Colesterol alto;
Problemas respiratórios;
Problemas de pele;
Menstruação irregular;
Dificuldade em engravidar;
Depressão;
Ansiedade;
Pensamentos suicidas;
Perturbações de ossos;
Artrites;
Problemas de rins.
História:
As Crises de Voracidade Alimentar - ou Binge-Eating - são um distúrbio do foro alimentar recentemente descoberto.
Inicialmente era considerada como um sintoma de uma outra grave doença do comportamento alimentar, a Bulimia Nervosa.
Esta última foi descoberta no início da década de 80 e tem como principal sintoma a ingestão alimentar compulsiva, à qual se seguem os mecanismos purgativos, sendo o principal, a indução do próprio vómito.
Quando foi descoberta, a ingestão alimentar compulsiva, à qual não se seguem mecanismos purgativos, era ainda considerada como fazendo parte da Bulimia Nervosa.
Só mais tarde, e depois de revista, é que a ingestão alimentar compulsiva sem purga foi considerada como um síndroma à parte.
Deste modo se deu a conhecer uma nova doença resultante de um distúrbio alimentar, aquela a que se chama de Crises de Voracidade Alimentar - ou Binge Eating.
Tratamento:
Um doente com Crises de Voracidade Alimentar ou Binge Eating, e assim como acontece no tratamento de todas doenças do comportamento alimentar, terá que dar o primeiro passo para a cura: assumir a sua doença e procurar ajuda.
O problema é demasiado grave para ser mantido em segredo e necessita de ajuda especializada.
As pessoas que sofrem de Crises de Voracidade Alimentar têm grandes dificuldades em seguir os tratamentos e consequentemente em perder peso, até porque têm maior facilidade em ganhá-lo.
Numa fase inicial, o tratamento passa por procurar entender as razões psicológicas que estão por detrás deste comportamento alimentar, só depois é que se passa à fase da dieta, e consequente perda de peso.
Um tratamento adequado para Crises de Voracidade Alimentar deverá incluir:
Terapia Individual
Terapia Familiar
Terapia de Grupo
Aconselhamento Nutricional
Alimentação
http://www.comportamentoalimentar.pt
2 comentários:
este é, sem dúvida, um problema grave... e é um "wake up call" para muita gente que se calhar nem sabe que tem um problema como este... tocaste, e bem, na ferida!
Sim, tocaste na ferida... na minha ferida. Este post foi o meu espelho.
CC
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